Antonio Neto: “Getúlio Vargas: 140 anos do Revolucionário Brasileiríssimo”

Antonio Neto – “Um homem calmo numa terra de esquentados” – foi com esse famoso adágio que Érico Veríssimo descreveu seu conterrâneo e comandante da Revolução Brasileira, que neste 19 de abril completa seus 140 anos.

Getúlio é mais do que um homem que se tornou história: é o corpo no qual se encarnou todo o espírito de um povo.

Oswaldo Aranha narrou nas memórias de Getúlio a paciência do caudilho frente aos episódios que antecederam a Revolução de 1930.

Enquanto Aranha e outros revolucionários agitavam-se em ansiedade, Getúlio se mantinha calmo e disciplinado, observando a conjuntura. Essa tranquilidade não pode ser confundida com passividade: quando chegou o momento de agir, não hesitou por um instante.

Como um épico da Bossa Nova com título em diminutivo pela pena de Tom Jobim: suave, decidido e cadenciado.

Foi com essa firme porém serena resolução que em suas próprias palavras Getúlio “fez-se chefe da Revolução e venceu”, instaurando a liberdade social. Listar seus feitos é arrolar as instituições nacionais e os esteios de nossa soberania, desde a Justiça Eleitoral até nossa siderurgia.

O jovem Vargas era um garoto idealista, inspirado no positivismo filtrado pela interpretação brasileiríssima do castilhismo. Ao contrário da imagem difundida pelo liberalismo anti-nacionalista, Getúlio estava longe de ser o estancieiro conservador como tantas vezes o retratam.

Em seu coração pulsava o jacobinismo revolucionário, que explica sua defesa intransigente da igualdade de gêneros por meio do voto feminino e da reforma agrária – verdadeiro instrumento de distribuição de renda nos tempos em que a terra era o principal meio de produção do Brasil.

No entanto, o caudilho sabia que, por mais que essas terras tropicais fossem abençoadas, nossa soberania somente estaria assegurada com industrialização e tecnologia nacional.

Antonio Neto: “Getúlio Vargas: 140 anos do Revolucionário Brasileiríssimo”
Antonio Neto e Getúlio Vargas / Foto: Reprodução

É por essa razão que liderou nossa batalha pela siderurgia brasileira, pela Eletrobrás, pela nacionalização de nossas minas de ferro e a campanha que levou a criação da Petrobrás.

Por mais numerosos que sejam seus feitos, Getúlio foi muito além do que uma pessoa ou uma figura histórica. Foi sua imagem que catalisou a força das classes populares brasileiras, organizadas na estrutura sindical, que trouxe o povo para o comando da Nação.

Foi como um só corpo que as massas populares organizadas tomaram as ruas nas campanhas do queremismo contra o golpe de 1945, na luta pelo “Petróleo é nosso” e na marcha dos 300 mil em 1953.

É esse Vargas no qual encarnou toda uma nação que está presente. 19 de abril não é só uma efeméride, uma data a ser lembrada. É o dia no qual todos os Trabalhadores do Brasil se veem tal como são: sujeito coletivo, punho erguido de uma Pátria Tropical que oferece uma alternativa civilizatória para todo o planeta e emancipação para todo o Terceiro Mundo.

Por Antonio Neto, sindicalista, presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros e presidente do PDT de São Paulo

e

Arthur Silva, servidor Público do Estado de São Paulo, graduado em Ciências Sociais pela FFLCH/USP e pesquisador de Teoria da Dependência e História Brasileira

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