No Dia da Consciência Negra, Movimento Negro do PDT/SP lança manifesto em apoio ao PND

Dia da Consciência Negra – Neste 20 de Novembro o Movimento Negro do PDT SP realizou um ato político para reafirmar a luta do povo preto organizado partidariamente.

O lançamento de um Manifesto ratifica o compromisso dos movimentos de base paulistas com as pautas desenvolvimentistas para o povo Preto.

O Movimento Negro Organizado tem projetos que podem mudar não só a nação brasileira, mas o mundo!

Historicamente sempre estivemos por nossa própria conta. Sempre na luta e em luto pelo povo negro. Continuaremos lutando para que um dia haja vitória!

Dia da Consciência Negra
Foto: Denise Serafim

O PDT tem um compromisso histórico com as pautas raciais, foi o primeiro partido a incluir esse compromisso em seu estatuto.

Assumo o MN do PDT no Estado de SP ciente da grande responsabilidade de propor um debate amplo, desenvolvimentista;

Propondo estratégias para que o Projeto Nacional de Desenvolvimento, seja implementado respeitando e garantindo não só o olhar, mas as vivências das maiorias políticas, dos movimentos negros, da classe trabalhadora que compõe o grande conglomerado responsável pelo desenvolvimento desse país

Neudes Carvalho
Presidenta Estadual MN PDT SP

Manifesto foi lançado no Dia da Consciência Negra / Foto: Denise Serafim

Leia abaixo o manifesto lançado neste sábado pelo Movimento Negro de São Paulo:

“A formação do Brasil como país contou com o negro como base, seja como mão de obra escravizada ou barata. Contudo, a relação entre os afrodescendentes e as nossas elites econômicas não se resume a isso. A presença do negro foi decisiva na economia, exemplo do conhecimento das técnicas de plantio de cana-de-açúcar, conhecimento metalúrgicos para  extração do ouro, cultura artística, culinária, enfim, o elemento africano espalhou seu conhecimento em todos os recantos do país e contribui para a sua formação.

Mesmo assim, nossa estrutura social produziu mecanismos que excluem a população negra. Esse racismo estrutural permeia todos os recantos do país, inclusive nos partidos políticos. Como exemplo, podemos lembrar o fato de a bancada de esquerda ter votado contra uma proposta de lei que puniria o racismo de cor, algo proposto por um movimento negro da época. Lembremos também de Clóvis Moura que, ao pesquisar sobre quilombos, foi extremamente criticado pela esquerda da época, uma vez que acreditavam que a crença na existência de comunidades quilombolas dividiria a classe trabalhadora. A partir desses dois exemplos, percebemos que o viés de classe não dá conta da complexidade dos nossos problemas.

Nesse panorama, o PDT demonstra pioneirismo em suas ações, pois possuiu um núcleo negro com grandes nomes da política e intelectualidade negra da nossa história, como Abdias Nascimento, Lélia Gonzalez, Carlos Alberto (Caó) Oliveira, Alberto Guerreiro Ramos, Edialeda Salgado entre outros, inclusive, além desse pensamento estar presente de maneira embrionária na Carta de Lisboa, em 1979. E agora? Quais os próximos passos? Nosso orgulho irá ser resumido a esse pioneirismo ou vamos trazer outros pioneirismos com o tratamento dado à população negra? O Movimento Negro do PDT precisa traçar claramente seus objetivos e continuar honrando sua trajetória.

Desde o fim da ditadura, os hábitos da nossa estrutura política vão de encontro ao da constituição de 1988. Nela, a democracia é uma realidade, mas será plena quando atender às aspirações das grandes maiorias, esta democracia de cunho socialista  proposta por e para trabalhadores a qual Getúlio Vargas e o trabalhismo escolheram se filiar. A luta do povo negro no Brasil passa por uma série de momentos e complexidades de cunho particular e específico de nossa história.

Foto: Denise Serafim

Não há momento mais propício, desde a redemocratização do país, para efetivarmos a democracia de fato. Nesse sentido, o Movimento Negro não pode ser meramente protocolar dentro do partido, pois os negros no Brasil representam 54% da população.  Somos movidos pelo mesmo sentimento no qual foi tomado Abdias do Nascimento ao fundar esse Movimento, por compreender o trabalhismo como uma ideologia que trabalha com povo e resgata a sua face e o rosto negro de sua identidade nacional. Esse contexto torna o PDT o primeiro partido brasileiro a criar uma estrutura interna dedicada à luta contra a discriminação racial. É fato incontestável que, devido aos reflexos da escravidão e das políticas que sucederam o período pós-colonial, grande parte dos negros encontra-se marginalizada ainda hoje; até o direito fundamental à educação lhe é negado.

O PDT tem como princípio os valores humanos, e por isso é preciso que o partido faça todos os esforços para manter suas diretrizes. Os direcionamentos para os movimentos sociais não podem ocorrer apenas esporadicamente. É necessário que seus membros tenham autonomia para acolher quem acredita na política – especialmente no PDT – como agente da mudança. Esse partido está em processo de transformação, com o olhar voltado para suas origens. Mediante essa conjuntura, nós do Movimento Negro entendemos que nossa participação não está pautada apenas em nosso segmento. Precisamos ser um partido plural. Apesar de os Negros representarem a maioria da população, isso não se reflete na representação política. No estado de São Paulo, por exemplo, dos atuais 94 parlamentares da Assembleia Legislativa, somente quatro são negros, ou seja, o equivalente a 4,2% dos deputados. Esse dado simboliza a exclusão e o preconceito que sofremos. Objetivando a mudança desse cenário, nossa meta é o fortalecimento do protagonismo e a representação de negras e negros, visando ao aumento de nossa representatividade na estrutura partidária, garantindo o acolhimento das demandas e a participação efetiva. Tal realidade nos faz perceber que a falta de representatividade engajada com a causa negra contribui para a ausência de políticas públicas voltadas para essa população, uma vez que o racismo estruturas se encontra presente em todos os poderes e micropoderes da sociedade, inclusive dos próprios partidos políticos.

Dia da Consciência Negra
Foto: Denise Serafim

Em contraposição a essa realidade, a criação da Secretaria do Movimento Negro do PDT significou entregar aos próprios negros a condução de suas propostas e políticas específicas. Não por acaso, o Partido Democrático Trabalhista também foi o primeiro partido a nomear secretários de Estado negros, incentivar candidaturas afro-brasileiras e criar metas de participação política dos afrodescendentes.

Assim, as candidaturas negras do PDT, engajadas com as pautas discutidas coletivamente, precisam de fortalecer suas fileiras na militância, sabemos que somente através de uma ação política consciente e transformadora é que se pode promover a equidade. Desta forma, comprometemo-nos a criar agendas prioritárias para a qualificação do debate e para a busca de ações propositivas, que visem reverter esse quadro dentro do partido. Nossas bandeiras são: combate ao racismo, educação, saúde, mercado de trabalho e geração de renda, políticas públicas que combatam as desigualdades de raça, gênero e orientação sexual.”

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O Diretório Municipal do PDT capital paulistana realizou, pela primeira vez, uma reunião presencial e aberta desde o início da pandemia de covid-19, em março de 2020.

O encontro ocorreu na sede do partido em São Paulo e contou com a participação do presidente da PDT paulistano, Antonio Neto.

Também compuseram a mesa lideranças do partido, como o Secretário-geral do PDT do diretório, Alessandro Rodrigues, a presidenta do Movimento Negro do PDT no estado de SP, Neudes Carvalho, o Secretário-Adjunto do diretório estadual, Ewerton Roberto, a presidenta da Juventude Socialista do PDT da Capital, Amanda Salgado, Marco Faccas, presidente do PDT Axé paulistano e a Secretária-Geral da Ação da Mulher Trabalhista do PDT paulista, Iara Caballero.

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