Primeiro grupo partidário em defesa das religiões de matriz africana tem 54 candidatos a vereador e prefeito em 38 municípios
(Foto: Reprodução)
Ocorreu neste sábado [3/10] o lançamento nacional das candidaturas do PDT-Axé, o primeiro grupo partidário em defesa das religiões de matriz africana no país. O objetivo do grupo é combater a intolerância religiosa e defender a laicidade do Estado.
O evento foi realizado no Diretório do PDT Estadual de São Paulo e contou com a presença de Antonio Neto, candidato a vice-prefeito de São Paulo na chapa de Márcio França (PSB), além de lideranças religiosas do PDT-Axé.
São 54 candidaturas em 38 municípios de 10 Estados: SP, RJ, MG, PR, SC, RS, MS, PB, PE e PA. A maioria dos candidatos (52) disputa uma vaga na Câmara dos Vereadores. Dois concorrem à prefeitura: Lara Luisa, candidata em Paracatu (MG), e José Baka Filho, em Paranaguá (PR). No Estado de São Paulo, são 25 candidatos a vereador – cinco na capital.
Criado em novembro de 2019, o PDT-Axé tem representação formal em 14 Estados. Além dos Estados em que lançou candidatos, o grupo também está presente na Bahia, Ceará, Espírito Santo e Rio Grande do Norte.
“Decidimos criar o PDT-Axé como forma de organização para enfrentar de forma sistemática e democrática os ataques que as religiões e a cultura de matriz africana têm sofrido, com terreiros incendiados, sacerdotes e sacerdotisas expulsos de seus espaços sagrados e até mesmo assassinados. Afirmamos nossa posição firme no combate ao racismo e a qualquer forma de discriminação, aglutinando e buscando orientar, qualificar e capacitar o nosso povo através de núcleos nos espaços residenciais, profissionais, religiosos e culturais”, diz Babá Marcelo Monteiro, do PDT do Rio de Janeiro e presidente nacional do PDT-Axé.
“O PDT-Axé nasceu para trazer à toda a comunidade religiosa de matriz afro-ameríndia a consciência de que precisamos ser vistos e respeitados pela sociedade. Nossa principal bandeira é a luta contra a intolerância religiosa, racial e de gênero, mas também entendemos que a inclusão social e o investimento em educação são de fundamental importância para alcançarmos esse objetivo”, afirma Pai Marco Faccas, sacerdote de umbanda, candidato a vereador em São Paulo e coordenador do PDT-Axé na capital. “Estabelecemos uma comunhão com todas as religiões e também com aqueles que não possuem uma religião, pois acreditamos numa construção fundamentada no amor ao próximo.”
“É importante que o povo das religiões afro-brasileiras se veja representado em todas as instâncias da vida pública, seja em conselhos municipais de saúde, educação, segurança e cultura, seja por meio de mandatos em cargos eletivos. Os nossos candidatos têm o compromisso de lutar contra a intolerância religiosa e pela legalização das casas de axé em todo o país. Só quem é do axé sabe as nossas dificuldades”, explica Pai Roblez do Oxossi, presidente estadual do PDT-Axé em São Paulo e diretor nacional de comunicação do grupo.
“O PDT é um partido que tem longa tradição no respeito e na valorização da diversidade em todas as frentes. Sempre estivemos ao lado dos trabalhadores e do povo mais humilde, que acaba sendo a maior vítima de todo tipo de preconceito, inclusive o religioso. O lançamento do PDT-Axé e a eleição de candidaturas que representam as religiões de matriz afro-ameríndia é um passo importante para acabar com as violências contra os seus templos e frequentadores, que infelizmente ainda acontecem em todo o país”, pontua Antonio Neto.
De acordo com levantamento do Ministério da Justiça, a cada 15 horas um terreiro ou barracão foi alvo de algum tipo de ataque em 2019 no país.
Candidatos a vereador pelo PDT-Axé em São Paulo
Na próxima segunda [5/10], o PDT Municipal de São Paulo realiza uma live no YouTube e redes sociais do partido com os cinco candidatos a vereador pelo PDT-Axé na capital. Antonio Neto também participará do evento.
Marco Faccas
Sacerdote de umbanda da Tenda Pai João de Aruanda e Caboclo 7 Pedreiras, fundador da webrádio Mojuba e coordenador do PDT-Axé na capital. É representante comercial no segmento de automação industrial.
Glauce Lima
Sacerdotisa de Yemoja do RTY, é idealizadora de um projeto que combate golpes pela internet contra mulheres. Foi destaque em uma matéria recente no Fantástico.
Anderson D’logun Ede
Sacerdote de umbanda, iniciado no candomblé, tem o programa “Sagrado Falando de Axé” na rádio Mundial FM 95.7, onde faz um trabalho de divulgação das religiões afro-brasileiras.
Mãe Flavia de Iansã
Dirigente do templo de umbanda Oya Matamba e Pai Obaluae, trabalha desde os 18 anos pelos direitos das crianças e adolescentes. Bacharel em Serviço Social.
Carlos T’Ogun
Sacerdote do Candomblé, da Nação DJEJE, tem como bandeira a luta contra o racismo e o preconceito religioso e pela melhoria das condições de vida nas periferias.