A educação e o projeto de desenvolvimento

Todo projeto nacional de desenvolvimento precisa estar ancorado a um plano nacional de educação que garanta não só educação básica de qualidade como uma academia integrada aos esforços de formação profissional, inovação tecnológica associada à produção e voltada à compreensão dos problemas brasileiros. Grandes evoluções na educação básica são condições necessárias para o progresso civilizatório e econômico, porque promovem novas competências e habilidades, aumentam a produtividade do trabalho, revelam novos talentos científicos e diminuem a desigualdade social e a diferença de oportunidades entre as crianças.

A educação no Brasil

A educação básica brasileira continua não sendo uma prioridade do Estado. A média salarial baixa do professor do ensino básico no Brasil ainda é um grande obstáculo à nossa educação pública. O índice de escolarização média brasileira é metade do índice argentino e pouco mais de um terço do de Cuba. Além disso, o modelo pedagógico efetivamente praticado no Brasil privilegia o mero acúmulo de informações, sem se preocupar em desenvolver a capacidade crítica dos alunos. No ensino superior, avançamos, mas ainda temos somente 18% de jovens de 18 a 25 anos matriculados. Mas há bons exemplos no país.

A agricultura familiar também cumpre um papel fundamental na economia brasileira. Esse modelo agrícola produz 70% dos alimentos que consumimos internamente e, além disso, emprega 70% dos trabalhadores do campo, dado que no agronegócio o trabalho é muito mecanizado. No entanto, o modelo da agricultura familiar apresenta três desafios para seu desenvolvimento: 1) em comparação ao agronegócio, seus custos são hoje mais altos para a maioria dos produtos; 2) suas dificuldades de armazenamento e escoamento de produtos perecíveis são maiores e 3) suas condições de financiamento são piores.

Uma revolução na educação

O exemplo de Sobral, melhor IDEB do país, mostra que, mesmo com limitação orçamentária e com o modelo pedagógico atual, poderíamos estar bem melhores do que estamos hoje no Brasil.

O país precisa, no entanto, de uma verdadeira revolução na educação brasileira com 4 princípios norteadores:

  1. Priorizar o investimento em gente (preparo e remuneração dos profissionais);
  2. Apoio material à criança pobre para permanência na escola e diálogo com seu grupo familiar, trazendo-o para o acompanhamento escolar;
  3. Mudança radical no conteúdo, abandonando o foco na memorização de fatos e fórmulas e focando no desenvolvimento de capacidades analíticas (práticas e conceituais) para aprender a aprender;
  4. Adaptação da escola à era digital, informatizando todos os procedimentos possíveis no espaço escolar, mas, principalmente, disponibilizando conteúdo informativo e interativo atraente para a nova geração de brasileiros.

A principal habilidade a ser aprendida num mundo com excesso de informação e tecnologias em permanente mudança é a capacidade de selecionar e relacionar informações, considerar pontos de vista distintos e contrastar posições. As crianças precisam aprender a aprender e a criticar.

Não se trata aqui da promoção do relativismo, mas de um genuíno pensamento crítico e científico. O modelo do professor reprodutor de informações é obsoleto, pois o acesso à informação hoje é fácil e maciço via internet. Ele deve, portanto, assumir outros papéis, como o de ensinar a buscar e a relacionar informações, intervir em dificuldades individuais de aprendizado, abordar o mesmo conteúdo de pontos de vista distintos e ajudar a desenvolver a reflexividade e a autonomia do aluno para o aprendizado durante e posteriormente aos anos de escolarização.

Por que Ciro?

Ciro vem insistindo no papel da academia como pilar fundamental da coordenação com o executivo e a iniciativa privada para a viabilização de um projeto industrial e de modernização brasileiro. Da mesma forma tem defendido nos últimos vinte anos uma reforma educacional nos moldes das desenhadas aqui. Para poder realizar Ciro defende que não há outro caminho ao Brasil que não a revogação da PEC 55, que congelou por vinte anos os gastos em educação na Constituição.