No NYTimes, apenas Líderes Brancos se Destacam

O Times gasta exatamente uma frase com a Ásia

Tradução por Jens Munck

Esse texto é uma tradução do texto ‘In the NYTimes, Only White Leader Stands Out’, publicado no dia 4 de maio na plataforma Medium pela conta @indica do Indi Samarajiva.

Todos esses países são chamados de líderes. Eu adicionei o Irã para que você possa enxergar como isso é besta.

O New York Times publicou recentemente uma lista de ‘verdadeiros líderes‘ na luta contra o COVID-19. Eles gastam exatamente uma frase na Ásia e o restante em líderes brancos que, em sua maioria, foram piores que o Irã. O racismo estrutural é incompreensível e isso está matando pessoas.

De acordo com o NYTimes, o Irã errou completamente sua resposta ao coronavírus, mas países com taxas de mortalidade mais altas , como Alemanha, Itália, Suécia e Dinamarca, são listados como verdadeiros líderes. Não faz sentido. É simplesmente racista, tão estrutural que o Conselho Editorial não consegue nem vê-lo. Está incorporado ao prédio do próprio jornal.

Por qualquer medida objetiva, os verdadeiros líderes não estão no oeste, com exceção de Islândia e Grécia. Basicamente, em qualquer outro lugar, o desempenho está notavelmente melhor – Ásia, Australásia, África, Caribe e partes da América do Sul. Todos os principais líderes ocidentais falharam e esta lista está ativamente tornando as pessoas mais estúpidas.

Em uma época de pandemia, essa alegre ignorância não significa apenas que casamentos de pardos aleatórios são atacados por drones. Dessa vez, a ignorância do New York Times está matando seus próprios leitores.

Podemos lançar um dardo em um mapa e errar menos

Líderes de Verdade

Deixe-me dizer o que é liderança de verdade. Zero. Zero pessoas devem morrer de coronavírus.Cada morte é um fracasso da liderança. O Vietnã tem zero mortes*. Taiwan tem seis*. A Coréia tem 250*, que lamenta. Esses são líderes verdadeiros, e devemos elogiá-los e aprender com eles.

Em seu editorial sobre liderança, o New York Times dedica exatamente uma frase à Ásia. Aqui está, na sua totalidade.

A presidente Tsai Ing-wen de Taiwan também respondeu ao primeiro sinal do novo perigo, mantendo o vírus sob controle e permitindo que enviasse milhões de máscaras para os Estados Unidos e Europa.

É isso. O Times menciona apenas um país não branco uma vez só e mesmo assim fala de brancos.

Cadê a Ásia?

Para ser completamente honesto, não está bem claro que o Conselho Editorial saiba onde está a Ásia.

Os países do sul da Ásia têm a vantagem de ter experiências recentes com uma epidemia.

Eu vivo no sul da Ásia. O termo tem um significado, temos a ASACR, por exemplo, que termina em Bangladesh. Este artigo menciona apenas Taiwan e Coréia do Sul, que não estão no sul da Ásia. Esses países estão no leste da Ásia, que é outro lugar.

O que Eles Esqueceram? (Tudo)

Se o Conselho Editorial soubesse onde ficava o leste asiático, saberia que fica ao lado da China. De qualquer forma, esses países deveriam ter sido martelados pela doença, mas conseguiram combateram o vírus. A região inteira teve menos mortes no total do que a Europa por dia*. Para ser claro, mais pessoas morrerão hoje nos países que o Time elogia do que o total que morreram nos países que omitem.

Os leitores do New York Times nem descobrem que países como o Vietnã ou a Tailândia existem. Não fala da Coréia do Sul ou do estado indiano de Kerala – histórias reais de sucesso onde as pessoas não morrem em massa e não estão morrendo no momento. Não se fala das instituições que essas pessoas construíram, da execução diligente de regimes de teste/rastreamento/isolamento, de como cuidaram de seu povo e até evitaram bloqueios.

Também existem exemplos notáveis na África e no Caribe. Os países com infraestrutura devido à Ebola reagiram rapidamente, e até mesmo uma nação africana normal teve um desempenho melhor que a média ocidental. No Caribe, muitos países pequenos como Trinidad e Tobago parecem ter se protegido proativamente, e Cuba até enviou médicos ao exterior, para ajudar a Itália. Nada disso é mencionado também.

Em vez disso, são apenas um monte de palavras vazias pronunciadas por brancos. É isso que liderança significa para o NYTimes. Brancos levemente acima do nível de Donald Trump. Por exemplo, eles incluem a Itália, até recentemente o maior fracasso de saúde pública no planeta Terra.

Na Itália, o país europeu mais atingido pela pandemia, Giuseppe Conte, professor de direito que, originalmente, foi colhido da obscuridade por uma coalizão de partidos anti-establishment e a seguir emergiu à frente de um governo mais ortodoxo, ganhou respeito por exigir medidas severas e comprometendo o estado a cuidar de pessoas.

Por que a Itália está neste artigo? A Itália teve 115X o número de mortos na Coréia do Sul, e centenas de pessoas ainda morrem todos os dias*. O primeiro-ministro italiano reconheceu que estava feio… depois que aconteceu. Isso não é liderança, é apenas não ser um sociopata.

E vamos falar sobre a grande esperança branca, a Chanceler alemã Angela Merkel. Uma cientista, uma mulher e um fracasso. Em qualquer norma objetiva, não-racista, a Alemanha fracassou. Merkel presidiu mais mortes há dois dias (287) do que a Coréia do Sul teve no total*. Ela presidiu um número de mortes semelhante ao Irã, que é amplamente descrito como um caso perdido. E, no entanto, ela é elogiada, visto que é muito eloquente.

Como Ardern, a chanceler Angela Merkel, da Alemanha, agiu cedo e com calma, alertando alemães que muitos deles seriam vítimas do novo coronavírus.

Isso não é liderança. Liderança não diz calmamente às pessoas que elas vão morrer. Liderança é salvar vidas deles.

Porque a Alemanha é um fracasso com coronavírus

As pessoas fizeram isso. Muitas pessoas fizeram isso. O Vietnã tem uma população semelhante à Alemanha, uma fração do PIB e uma fronteira com a China. De alguma forma, eles impediram que qualquer um morresse*, porém não são mencionados neste artigo. Porque racismo. Porque até o New York Times vê a Ásia como irremediavelmente oriental e estrangeira, e não apenas como seres humanos diferentes com os quais se pode aprender.

Ao combater uma pandemia, conhecimento é poder e o racismo tornou o Ocidente estúpido e fraco.

Besta é Quem Faz Besteira

Países ocidentais desperdiçaram um tempo valioso modelando brancos em computadores e debatendo vários desfechos quando as melhores práticas estavam claras desde o início. Se eles tivessem simplesmente seguido lideranças asiáticas, poderiam ter se salvado.

Taiwan, Coréia do Sul, Vietnã e basicamente todos os países próximos à China reagiram em janeiro. Não esperaram que alguém os avisasse e não estão culpando pessoas agora. Todas essas nações prepararam e construíram instituições para pandemias por décadas. O manual que eles seguiram tem centenas de anos (encontrar/isolar/rastrear), as únicas adições importantes sendo o testagem com PCR e Equipamentos de Proteção Individual. Todo país poderia simplesmente ter olhado lá e copiado. Muitos outros países, como o meu, fizeram isso.

O oeste, no entanto, estava cego, e eles foram martelados, mesmo com meses a mais para se preparar. A maior loucura é que eles ainda estão cegos, mesmo quando os resultados são tão abundantes e tragicamente claros.

É insano o fato do New York Times escrever um artigo em abril de 2020 com uma frase sobre a Ásia. Com isso, quero dizer, fazer a mesma coisa repetidamente e esperar um resultado diferente.

O Ocidente entrou nessa bagunça por não seguir a liderança asiática. Nem conseguiam compreender que uma liderança não-branca era possível. Eles permanecem nessa bagunça porque ainda são teimosos e racistas demais para aprender. Os países asiáticos copiaram e aprenderam toneladas de coisas do oeste, e é por isso que hoje elas estão mais avançadas. Não há vergonha nisso, se chama progresso. O Ocidente está orgulhoso demais para copiar, e como resultado, seu povo está morrendo.

Isto é muito real. Todos os países brancos mencionados além da Nova Zelândia e Austrália ainda estão enterrando pessoas diariamente. Todos os dias um ente querido morre de uma morte horrível – ofegando, aterrorizado e sozinho – e cada morte é evitável. Eles estão morrendo de COVID, mas os países asiáticos mostraram que o COVID é evitável. Eles estão realmente morrendo de orgulho ocidental, como o do New York Times.

Os verdadeiros líderes não são um bando de brancos arrastando desculpas. A verdadeira liderança não está em reconhecer depois do fato, ou em dizer às pessoas que elas vão morrer. A verdadeira liderança está sendo organizada, planejando com antecedência e seguindo medidas de saúde pública de bom senso, e hoje, a liderança vem da Ásia. O New York Times precisa tirar a cabeça da bunda estruturalmente branca e olhar.

*Número de mortes na época da publicação do artigo, 4 de maio.

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