Viva o 5 de julho! Viva a Revolução Paulista!

Por Dilhermando Campos

A Revolução de 1930 marca a chegada ao poder das camadas médias urbanas que iniciaram suas revoltas, na década anterior, contra as oligarquias do ‘café com leite’. A força social organizada que impulsionou o movimento foram os tenentes, sendo o marco inicial da rebelião a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, ocorrida em 1922.

Em 1924, os paulistanos foram protagonistas do movimento que resultou na eclosão de diversas outras revoltas pelo país, sendo a mais famosa, a Coluna Miguel Costa-Prestes. Em 5 de julho daquele ano teve início a Revolução Esquecida, o maior conflito urbano da história do Brasil, que produziu cenas só vistas até então na Primeira Guerra Mundial, com explosões de bombas, prédios destruídos, bombardeios por aviões, deslocamentos de soldados com metralhadoras, tanques de guerra cruzando a cidade e trincheiras abertas nas ruas. Em São Paulo, o tenentismo mostrou pela primeira vez que não era apenas um clamor impotente por mudanças, mas sim um projeto de poder real capaz de enfrentar as oligarquias.

Incêndio provocado por bombardeios aéreos nos armazéns Nazareth Teixeira e Cia, na Mooca
O comando das operações ficou a cargo do general Isidoro Dias Lopez, contando com a participação de diversos tenentes, dentre eles Miguel Costa, João Cabanas, João Alberto Lins de Barros, Juarez Távora e seu irmão, Joaquim Távora, morto no conflito. Os revolucionários de 1924 ocuparam a cidade de São Paulo durante 24 dias, obrigando o governador, Carlos de Campos, a fugir após o bombardeio do Palácio dos Campos Elíseos, antiga sede do governo estadual. Pelo interior do estado ocorreram também diversas rebeliões com prefeituras sendo tomadas pelos revoltosos.

A resposta do governo central foi brutal. As Forças Armadas utilizaram o chamado “bombardeio terrificante” para desmobilizar a rebelião, lançando bombas em vários pontos da cidade, em especial nos bairros operários do Brás, Ipiranga, Mooca, Belenzinho e também no Centro. Depois de três semanas de conflito, o saldo foi de 503 mortos, 4.846 feridos e 200.000 pessoas fugindo da cidade em trens para o interior.

Após a derrota, Miguel Costa partiu em retirada, liderando um batalhão de soldados que seguiu para o Paraná. Lá, alguns meses depois, se encontraram com outro grupo de tenentes revoltosos vindos do Rio Grande do Sul, que marchavam sob comando de Luís Carlos Prestes. Assim, as tropas gaúchas e paulistas se uniram formando a 1ª Divisão Revolucionária, que ficou conhecida como Coluna Miguel Costa-Prestes, percorrendo 25.000 quilômetros pelo interior do país, através de 13 estados, e se exilando invicta após três anos de luta.

É provável que você nunca tenha ouvido falar da Revolução Esquecida de 1924, o que mostra a acuidade de quem nomeou o evento. Mas por que um acontecimento dessa magnitude e importância para a história de São Paulo e do Brasil foi esquecido?

Ao invés de os paulistas celebrarem o 5 julho, data que os coloca como pioneiros da causa nacional, a elite de São Paulo resolveu submeter seu povo à celebração da ressentida derrota dos liberais do estado em 1932, numa revolta fracassada contra o país, criando um feriado estadual que só foi incorporado ao calendário em 1997, pelo governo tucano da época. Para consolidarem esse ‘esquecimento’ do 5 de julho, precisaram fabricar a “ideologia do 9 de julho”, já tratada em seus métodos e razões aqui.

Foi despendido muito esforço para que heróis nacionais, como Miguel Costa, fossem esquecidos. Criaram riquíssimos institutos de pesquisa para falsear a história e fazer com que os paulistas esqueçam sua revolução e repudiem sua participação na construção do país.

Mas, para surpresa das oligarquias bandeirantes, um espectro ronda São Paulo. Aquele que o povo paulista nunca esqueceu e nunca abandonou, apesar de a história oficial dizer o contrário, está voltando…

Viva o 5 de julho! Viva Miguel Costa! Viva o povo de São Paulo!

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