Nelson Marconi e o PND – 1. Uma empresa, que é muito mais simples que o setor público, precisa de planejamento, um plano estratégico de projetos. Por que o setor público não precisaria?
2. O setor privado é essencial em qualquer economia, e o empreendedorismo mais ainda. A liberdade de ação econômica, idem. Mas a desigualdade não se resolve apenas com a atuação do setor privado.
3. Nem o desenvolvimento de setores estratégicos. O setor privado sempre investirá onde é mais lucrativo, com razão, e os setores estratégicos para o desenvolvimento não são os mais rentáveis em um primeiro momento. Normalmente, demandam parceria público/privada para crescerem.
4. O setor público precisa desenhar políticas e ações, junto com o setor privado, para estimular os setores estratégicos. E também para a economia como um todo crescer e reduzir a desigualdade.
5. Por isso um projeto nacional de desenvolvimento é essencial. Construído junto com o setor privado, com metas, políticas, ações, condicionalidades, gestão e cobrança de resultados…
6. …sem ser específico e intervencionista a ponto de sufocar a iniciativa privada, mas construindo com ela o direcionamento de nosso país.
7. Não é á toa que EUA, China, Alemanha e França, sem citar outras grandes economias, anunciaram planos estratégicos de desenvolvimento para as próximas décadas. Historicamente, os países que mais cresceram sempre planejaram seu desenvolvimento.
8. Desdizer a necessidade de um projeto nacional de desenvolvimento é um grande erro. Entre os que argumentam nessa direção, eu entendo apenas os empresários que temem um grau de intervenção excessivo em suas atividades. A eles, digo o seguinte:
9. Um projeto dessa envergadura só pode dar certo se construído de forma conjunta, com muito estudo e conversa, estimulando a iniciativa privada e o empreendedorismo.
10. E se o setor público tiver uma governança adequada, orientada para o alcance e cobrança de resultados. Não podemos nos esquecer que os servidores públicos brasileiros são bastante qualificados, mas precisam ser incentivados a alcançar resultados, serem cobrados e recompensados por isso.
Por Nelson Marconi, graduado em economia pela PUC-SP e mestre e doutor em economia pela FGV-SP