Nelson Marconi debate o PND na Escola de Candidatos

Nelson Marconi debate o PND – A Escola de Candidatos e Assessores 2022 recebeu o economista Nelson Marconi para uma aula que teve como tema ‘O PND e a retomada do crescimento’ na última segunda-feira (16).

No início da aula, o professor relembrou do governo Vargas e sua tradição trabalhista:

“Fundou as bases da industrialização do Brasil, é claro que ela já havia começado um pouco antes, mas foi realmente nesse período que o Vargas consolidou o processo de desenvolvimento, urbanização, industrialização do país, ampliação da classe média e classes populares, o que resultou no progresso do Brasil.”

Essa estratégia deu certo no Brasil, mas após essa era, dos anos 90 para cá, nós tivemos um abandono de todas essas pautas e consequentemente uma queda no crescimento baseado na tradição de poupança externa. 

Um pano de fundo colocado pelo professor no início da aula, é que durante o governo de Getúlio foi criada também uma contraposição ao Nacional Desenvolvimentismo e um dos principais locais onde criou-se essa resistência foi na própria Universidade de São Paulo, a USP. Nesse período formaram-se muitos intelectuais que foram para os partidos progressistas e acabaram se dividindo entre o PT e o PSDB.  Um dos autores muito importantes para a construção teórica desses partidos é Fernando Henrique, que escreveu no final dos anos 60 o “Dependência e Desenvolvimento na América Latina”, nesse livro, o autor defende que no Brasil não existia uma burocracia consolidada e que a burguesia nacional não tinha capacidade e recursos para liderar o processo de desenvolvimento e para que pudéssemos desenvolver seria necessário se associar ao capital estrangeiro. 

Essa política econômica se disseminou pelo país com a chegada de Fernando Henrique à presidência, passou por Lula e é exercida até hoje por Bolsonaro. O que nos diferencia dos outros partidos é que apesar de tudo o PDT nunca abandonou o trabalhismo, getulismo e nacional desenvolvimentista. O resultado dos últimos 30 anos de um governo com esse viés ideológico é o crescimento econômico quase nulo do Brasil e é contra esse modelo que estamos lutando fundamentalmente. 

“A política econômica tem que mudar para que a gente passe a ter de fato um crescimento econômico no Brasil” 

Para retomar esse crescimento, o PND traz algumas medidas primordiais. 

A primeira é: Reverter o binômio entre taxa de juros alta para moeda apreciada. Para isso precisamos de um equilíbrio fiscal para diminuir os juros e fazer com que o governo seja menos dependente do pagamento de juros para financiar sua dívida pública.

“Fazendo um equilíbrio fiscal teremos condições de retomar  o investimento privado, que é essencial, e também teremos mais recursos para gastar em outras políticas sociais etc.” 

Além disso, nós precisamos de políticas específicas setoriais, para estimular setores específicos da economia. 

“Se a gente não tiver políticas específicas, nós não vamos conseguir estimular os setores que são mais importantes para nós, que são aqueles que queremos ver crescer na economia brasileira. Esses setores que normalmente precisam de apoio para se desencolver”. 

Outro ponto essencial são as políticas sociais. Um dos grandes problemas sociais é o endividamento das pessoas.  E quem alertou isso foi o Ciro em 2018.   

“Tudo isso nós só conseguimos se a gente tiver realmente uma política educacional muito bem estruturada, então no nosso programa, nós queremos pegar toda experiência que tivemos no Ceará e replicar ela no país”

Marconi é graduado em Economia e professor licenciado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), além de Doutor e Mestre em Economia pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo.

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Neto na Folha: Por que Ciro? O momento é de afirmar ideias. É nesse sentido que defendo o Projeto Nacional de Desenvolvimento, liderado por Ciro Gomes (PDT), para que possamos derrotar Bolsonaro e mudar o modelo econômico e o padrão de governança estabelecidos há quase 30 anos no nosso país.

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