Discurso e Conduta

Por Neudes Carvalho, presidenta do Movimento Negro do PDT na cidade de São Paulo e vice-presidenta do PDT/SP da Capital

Em tempos de autoafirmação, discursos de representatividade e uma onda de confusão entre identidade e identitarismo absurda, peço reflexão sobre o uso do nome MARIELLE FRANCO. Precisamos cuidar para que nosso discurso e conduta estejam alinhados não só com o que queremos mostrar, mas principalmente, com os impactos que isso pode causar na vida das pessoas e por sua vez, no íntimo de suas vidas.

É ano eleitoral. E tenho me preocupado muito com a facilidade com que a memória e o nome de MARIELLE são usados como bandeiras para PUXAR votos.

Queremos e devemos saber quem mandou matar a vereadora. Mas que esse grito seja pela democracia, pelo respeito à humanidade, respeito aos familiares de MARIELLE, por respeito à memoria e legado de MARIELLE, não para mostrar mais algumas opções de mulheres Negras como “supostas caras novas para renovação”.

A única intersecção entre a Esquerda e a Direita é o racismo. Estamos gritando indignados contra a branquitude se aproveitando do legado de MARIELLE para ganhar dinheiro; Nós, a base, não podemos usar, proferir esse nome somente por likes na rede social. Precisamos ser muito mais que isso. Por MARIELLE e por todas as mulheres Pretas.

“Como eu n queria estar gritando presente nesse dia, como eu não queria ver tantas falsas homenagens, não te queria servindo de capital Político para lado nenhum. Queria você viva nos braços de tua família, cuidando e sendo cuidada pelos teus, forte, gigante com sua voz mudando o rumo das dores e criando um mundo diferente para os nossos. Como eu queria você viva, dói demais cada vez que alguém diz que vc é semente. Queria você flor! Segue Girassol, iluminando tudo”


Segue e descansa Marielle nos braços das nossas mais velhas que agora cuidam de ti. 🖤

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